Segunda-feira volto ao campo. É a verdadeira lufada de ar fresco. Sou totalmente a favor de empregos sazonais, e no meu caso, penso estar mais do que na altura de sair da toca. Sinto prazer de ar livre, de terra, mesmo do cheiro dela, das suas diferentes tonalidades.
Hoje, fui finalmente dar uma vista de olhos por onde estarei nos próximos tempos. Tratamento de uma certa logística e dois dedos de conversa com o pároco de lá. Na bagagem um livro de dois volumes do sr. pároco, as suas lembranças e algo mais. Dei uma breve vista de olhos e pelo meio encontrei Saramago;
«O cão é fiel ao seu dono;
Saramago morde no seu criador.»
Algum clero não suporta minimamente o nosso escritor «herege e comunista».
Manuel Domingos da Silva Lopes, A luzita da minha candeia - Em defesa do homem e da vida (Editorial de «O futuro»),vol. I e II.
Creio que o português tende a opinar em demasia face à sua real posição no que toca aos assuntos em mesa. Entristeceu-me ver o sr. Marques Mendes a falar de algo que não sabe. O futebol.
Nos últimos tempos, tenho conhecido e visto bastante boa gente que se auto-governa bem à gagosa. Há coisas que me ultrapassam bem de longe.
s. f., Ornit.,
nome de ave palmípede, semelhante à gaivota;
loc. adv.,
à : sem custo, sem trabalho, à socapa, sorrateiramente.
Mas penso que venha a ser por boa causa. Comprei uma catrafada de livros do Mia Couto. Segundo o dedo mindinho, este será o próximo Nobel de língua portuguesa. Quero em todo o caso confirmar. Mesmo que não o seja, esta foi uma óptima prenda dada a mim mesmo.
Para a minha manhã de hoje levei uma série de cd's que não escutava há já algum tempo a esta parte. Redescobri os fantásticos Tindersticks, com o seu som característico, embalador. Os instrumentos de cordas dão o seu toque. Suart Staples é detentor de uma voz única, vigorosa, grossa e ao mesmo tempo enternecedora. Da manhã com os Tindersticks, trouxe este- Love's fading babe/ I can see it in your eyes/ Your kiss is just the same but it's just a sweet disguise / Ain't like just luck/ To worry about me/ When we promise to be our world/ Love each other for eternity/ If you're looking for a way out/ I won't stand in your way/ If you're looking for a way out/ Don't stop at the tears that I'm crying/ They'll only make you wanna stay/ Don't kiss me again cos I'm trying/ To keep you from running away[...]
Não os ouvia desde um concerto na Queima das Fitas, era a segunda vez que os via e a espera de melhor à chuva fez-me desacreditar na banda.
Imaginem-se vocês agradavelmente instalados, num local onde disfrutam de um bom chá, de uma divinal tábua de presunto, quejo e chouriço e para arrematar uma boa companhia.
Decorria assim o encontro d'O ardiloso, eis que não quando, entra um grupo de pessoas das artes, no qual estava uma personagem com um grau de "sangue no álcool" de arrebentar a escala. Foi neste momento que Rosária entrou nas nossas vidas.
Entrou, meteu conversa e logo se sentou à nossa beira a relatar os seus dados pessoais e vivências, ao mesmo tempo que tentava descobrir quem nós éramos, o que faziamos ali e o que faziamos da vida.
Sem conhecer aquela menina de 29 anos, cabelos loiros pintados, professora de desenho (no desemprego), de nacionalidade francesa (segundo o que nos disse), lá fomos conversando com ela dentro dos possíveis dado o seu estado de alcolémia.
Acabamos por dizer quem éramos, o que faziamos ali e, o que faziamos na vida, entretanto apoderou-se do cartão de contribuinte de um de nós, lá contou que preparava uma exposição para breve, para a qual fomos convidados com a promessa de um autógrafo.
Nisto pediu uma bebida, conversou mais um pouco e foi para a mesa dos amigos com quem tinha chegado.
Pode parecer um relato desinteressante, mas para quem viveu aquele momento, foi surreal, divertido, uma lufada de ar fresco na rotina das nossas vidas.
O meu fraco hooliganismo leva-me a dizer que mesmo sem apito dourado, lá ganhamos por duas bolas aos Sandinenses. E esta agora!
Penso que estamos todos de acordo no quanto seria bom (ou para aqueles mais afortunados, no quanto é bom) ser-se rico, ou de certa forma abastado. Isso sim, isso é que era! Qual pêssego em calda quando podemos bem ter ao nosso alcance o néctar dos deuses. Deste ponto de vista, ser imperativamente pobre, ou desfavorecido, é ter apenas e com alguma sorte uma lata de pêssego em calda, de prazo duvidoso. Mas terrivelmente pior que tudo isto é ser-se apenas e só remediado. É aquele ter o pêssego em si e ansiar pelo néctar, acabando por vezes sem sequer poder provar a calda.
Um exemplo flagrante de um remediado é o adepto do Sporting. Vive aquela expectativa toda de chegar ao título, de o conquistar ao Porto, (em sonhos diurnos) e sem saber ter o Benfica completamente colado e pronto para lhe passar a perna.
O remediado por norma, é o que mais se preocupa consigo e com os outros, por comparação é claro. É aquele que mais se cultiva e que mais liga às pequenas coisas que vai adquirindo, acabando por ser o mais material dos três. De forma sucinta, o abastado, vê, quer, compra e não se fala mais nisso. O coitado do desfavorecido, não vê, não quer e tem raiva de quem quer, logo não compra e nem se maça com isso. Já o nosso amigo remediado, como está pelo meio da pirâmide, vê, quer (quer quase sempre), esfola-se para ter e acaba por, raramente conseguir o que realmente quer, uma vez que tem de gastar as suas poupanças em coisas de maior prioridade.
O remediado é dos três o mais insatisfeito com a vida, o mais ambicioso, preocupado, frustrado, etc. O remediado sofre por no fundo não saber estar. Por se encontrar entre duas coisas, e no fundo não ser nenhuma delas. É o não ser carne, nem peixe. É como ser-se só o remediado, e ao mesmo tempo isso não existir. Ou se é rico ou se é pobre. Ou se tem, ou não se tem, agora este compasso de espera entre o poder ter ou não, é que pura e simplesmente lhe faz extrema confusão.
A malta dO ardiloso ontem resolveu tomar um copo, comer um presunto e beber uns chás.
O efeito Sulimed, álcool revelou-se encantador. Depois foi o passar alucinante da noite. Primeiro uma figura de seu nome Rosária, foi a festa. Depois o corrupio de carros a altas horas que lembravam vinte e cinco de Abril, mas não. A manifestação tinha mais sabor a festa azul e branco. Só falta mesmo o Gondomar subir... Vai ser um vinte e cinco emocionante.
Enquanto os ouvia, a caneta deslizava em rabiscos pelo bloco. Quando o concerto acabou, fiquei na dúvida se havia de mostrar ou não os meus rabiscos ao modelo, estava numa crise aguda de timidez. Um amigo meu, não se fez rogado e chamou imediatamente o dito cujo.
O homem passou-se. Muito elogio e tal. Propôs logo que eu fizesse um cartoon da banda.
E pronto, de sorriso estúpido esquecido na cara fiquei.
Caros senhores jornalistas, assim de repente diz-se Gondomar Sport Clube, e não Gondomar Futebol Clube ou Sport Clube de Gondomar. Porque dessa forma não será o mesmo clube a ser beneficiado.
O futebol de hoje (sim hoje o árbito esteve mal) foi pretexto para reunião de amigos de infância. Velhos tempos, os suspeitos do costume e muita festa pelo meio.
Morar em Gondomar, traduz-se de alguma forma por conhecimento pessoal do "meu" presidente de câmara? Julgo que não. Logo, é escusado ligarem-me com a letra do costume.
Ao ler o Jn de hoje, encontro o cartaz da Queima das fitas do Porto para este ano. Audaciosos, dizem eles. Feliz, digo-me eu. Agora confirmam-me o cartaz. Finalmente vou poder ver o grande José Cid. É que vocês não sabem, mas o ardiloso tem algures um autógrafo dado pelo próprio há uns anos. Devo ser sem saber do clube de fans do José Cid.
Hoje e agora é o cansaço. Todo o peso de um dia. Um qualquer cd de jazz ,Ben Allison & Medicine Wheel Riding the nuclear tiger e o novo livro da Lídia Jorge - O belo adormecido (Pub. Dom Quixote) enquanto cedo ao desgaste do dia.
Há uns tempos atrás li numa revista da cidade, que o Porto queria tentar uniformizar as placas toponímicas de toda a sua área, tal como outras cidades europeias têm. Até aí, acho uma boa iniciativa, mas se é para gastar dinheiro, então deve ser de uma forma proveitosa!
Nessa mesma altura, vi o projecto das placas e não me pareceram nada de especial...Agora que já começam a ser colocadas pelas ruas, posso dizer...quem é que consegue ver umas minúsculas letras brancas num fundo verde ao longe? Acredito que pouca gente...ou será que a ideia dessa sinalização é ser consultada ao perto???E quando acontece, como próximo da minha rua, que foram colocadas á frente de arbustos e não se distinguem deles...???
Definitivamente prefiro a diversidade de placas que existia antes destas! Gostava de poder ficar com algumas das antigas...
Melindroso
adj.,
que tem melindre;
que se ofende facilmente;
susceptível;
débil;
difícil;
arriscado.
Não vai muito tempo que a minha geração conheceu a palavra duh. Hoje, apenas alguns anos mais tarde, a geração polegarzinho através de uma qualquer operadora de redes móveis, "aportuguesou" a palavra para dah. Não fosse alguém enganar-se na escrita. É estranho quando se diz que os jovens se adaptam de forma mais rápida aos estrangeirismos. Parece-me que se adaptam mais ao que lhes é dado e ou vendido. Sou inteiramente a favor que se criem palavras novas em português mas é preciso que não se descure na moderação. É necessário sabermos o que valerá a pena ser dado como adquirido.
Penso não ter que fazer qualquer apresentação sobre os Franz Ferdinand, até porque muito se tem dito sobre estes rapazes. São bons, são sensação. Quando ao resto, apenas fica a letra da música que dominou a manhã. Goodbye girl, because I'm lonely/ Goodbye girl, it isn't over/ Goodbye girl, because it's only love/ Goodbye girl, you know you want me/ Goodbye girl, yes I'm a loser/ Goodbye girl, you know it's only love/ I'm cheating on you, yeah/ I'm cheating on you, yeah/ I'm cheating on you, yeah/ You're cheating on me/ Goodbye girl, you are the only one/ Goodbye girl, I know you want me/ Goodbye girl, you are the only love/ Goodbye girl, now if you're lonely/ Goodbye girl, why don't you join me/ Goodbye girl, you know it's only love/ I'm cheating on you, yeah/ I'm cheating on you, yeah/ I'm cheating on you, yeah/ I'm cheating on me/ Oh, watch out! Watch out!/ I'm cheating on you!/ Goodbye girl, goodbye girl/ Goodbye girl, goodbye girl
"Embora lave o medo que há do fim, a chuva apaga o fogo que há em mim. Oiço a voz de quem me quer tão bem e fico a ver se a chuva ouvirá também."
Ornatos Violeta - Cão
Tenho uma pilha de livros, outra de cd's e alguns dvd's para aviar durante o fim-de-semana. Começo a prezar estes breves dois dias de pseudo-descanso e a sentir uma certa nostalgia de passeios de domingo com as companhias do costume.
Nos últimos tempos, tenho tido a sensação que vivo num país de malucos, na verdadeira "República das Bananas", onde impera a real palhaçada.
Não só pela política, mas pela sociedade mesquinha que me rodeia, na qual, por força das circunstâncias me vejo inserido!
Veio-me hoje à memória, um texto musicado de José Mário Branco de 1979, que ainda hoje é censurado nas rádios, talvez porque o nosso país é ainda um país de tabus e, talvez porque o texto se aplique como uma luva aos dias de hoje.
Deixo-vos aqui um excerto mas, aconselho que o leiam na integra e se o puderem ouvir, melhor ainda:
"Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio..."
Podem consultar o texto aqui.
No passado fim-de-semana adquiri mais um conto de Nikolai Gógol, desta feita o o capote (Assírio e Alvim). São pequenos estes seus contos. As personagens são quase fotocópias de uns para os outros, o anti-herói, sempre fracassado como ser, mas devoto ao trabalho. Contudo o fragmento de hoje vêm-me mais por... por aquela timidez enojante por vezes... pelo uso das «interjeições que não» fazem «sentido absolutamente nenhum», como o próprio Gógol nos diz. Pela falta de conclusão do que se quer.
«Quando o assunto era muito complicado, tinha por hábito não acabar a frase, começando muitas vezes o discurso por: "É, na verdade, completamente, coisa e tal..." e ficando-se por aqui, esquecido, pensando que já tinha dito tudo. [...] - Eu , coisa e tal, Petróvich... o capote, a fazenda... estás a ver, o pano está bom por todo o lado, só tem um bocado de pó e parece que está velho, mas está como novo, só que há aqui lugares um pouco... coisa e tal... nas costas, e também num ombro, um bocadinho coçado, e no outro também um pouco... estás a ver... e mais nada. Isto é pouco trabalho... [...]» Parece que se torna bastante difícil lidarmos com pessoas assim, em que tudo fica a meio de ser dito ou mesmo, meio dito.
Hoje queria era o roquezinho Guronsan, aquele de aspecto revitalizante sem publicidade red bull. E o que surgiu, «Free- is all that she could bleed/ That's why'll she'll never stay/ White- bare naked in the night/ Just lookin' for some play/ Just another girl that wants to rule the world/ Any time or place/ And when she gets into your head/ You know she's there to stay/ You want it/ She's got it/ Molly's Chambers gonna change your mind/ She's got your/ Your pistol [...]» Kings of Leon com o revitalizante Molly's Chambers.
O ardiloso vem por este meio pedir desculpas a todos os leitores, simpatizantes e amigos do blogue pela descontinuídade deste post. Ficou mais do que provado que momentos da vida pessoal devem sempre ser mantidos a uma certa distância destes mundos. Se precisar de diário, certamente conseguirei arranjar outras formas de expressão e ou armanezamento. Desculpem-me, mas era pessoal e ficou por aqui acesamente discutido.
A título confidencial, a caixinha ficou guardada em segurança.
Anoiteceu muito rápido, não foi? Nem dei conta de como. Mas senti que de um momento para o outro um manto negro pairava sobre mim. Sim, de facto de um momento para o outro a luz e as cores da primavera evadiram-se, sem deixar rasto e sem qualquer aviso prévio. É assim, como em tudo na vida. Em breves espaços de tempo, alguém apaga as luzes e fica-se assim. No escuro.
«Às cinco horas nunca me apetece chá, é só às cinco e meia [...]», é bem verdade, não sou muito de tomar chá a horas certas. Pois às cinco geralmente ainda trabalho. Mas não nego um cházinho às cinco e meia, nunca.
«[...] Já uma vez entornei sem querer um bule de chá por cima dos Lusíadas e ficou muito melhor. Era chá de tília por causa do nervoso. As folhas pareciam de pergaminho velho e as letras não esborrataram. Eu andava nervosíssimo por causa das leituras, o médico disse-me para pôr de parte o café e que andasse a pé. [...]» Deixei de ter algum do tempo que tinha para as minhas leituras, a vida na metropole é bem mais acelarada do que a do campo. No entanto retive este pedaço de Ficções, José Almada de Negreiros (Assírio e Alvim).
Já agora, amigos, aproveitem a feira do livro manuseado da Assírio e Alvim.
Não faço qualquer ideia ou motivo pelo qual não tenho postado. Falta de tempo, vontade, vida profissional, novos projectos. Enfim um sem número de razões que talvez não cheguem para responder à questão em si. Poderei de certa forma ter atingido um determinado estado e agora estou prestes a partir para outro. Como um grande seguidor de hypes. Julgo que não, pois já faço parte do mundo dos blogues à cerca de três anos. Posso no entanto ter aproveitado um pouco o hype dos blogues entre nós (hobbie de inverno) e agora queira seguir um outro qualquer (hobbie de verão) que se possa tornar moda, mas antes que se torne. Devo voltar à fotografia. Ainda ando a redescobrir velhos hábitos. E agora, será a fotografia moda este ano, alguma vez deixou de ser? Não, penso ser a resposta correcta. Mas a Lomografia será um hype este ano. E acho uma boa ideia, visto até se enquadrar no mundo fotográfico, mas mais alternativo.
É verdade, sou seguidor de modas e procuro estar nas modas no segundo antes de se tornarem banalidades comerciais. É um defeito ou espécie de virtude, no ponto de vista de andar sempre um pouco à frente do que será em breve comercial ou de todos.
E a manhã de hoje, foi a repetição da noite anterior, explorando o refrão à exaustão. Ficou tudo assim, de um pequeno momento quase insignificante; «I think i'm in love/ Probably just hungry/ I think i'm your friend/ Probably just lonely/ I think you got me in a spin now/ Probably just turning /I think i'm a fool for you babe/ Probably just yearning/ I think i can rock and rool/ Probably just twisting/ I think i wanna tell the world/ Probably ain't listening/ Come on [...] » Só mesmo Spiritualized para me deixar levar por um simples refrão.
Raios partam a inércia. Acordo, faço montes de planos de coisas para fazer, chega a hora e a preguiça domina-me. Estou de férias e não tenho feito nada. Mesmo nada, nem sequer aproveitado para dormir mais, estudar, divertir-me...
E assim vejo as horas passar, com pesar e sentimentos de culpa.
Acho que também sou assim...
"Os milhares de restaurantes abertos pesam-me no estômago e tiram-me a fome. Tenho de esperar que fechem para me vir o apetite.
Apaixono-me quando dou com os pés a uma namorada e ela não desata a chorar.
Só me afeiçoo aos objectos que não consigo encontrar.
Lembro-me sempre das pessoas que certamente já se esqueceram de mim.
É frequente ter saudades de quem nunca conheci.
Só adormeço ao som do despertador a tocar. "
"O Cemitério de Raparigas" - Miguel Esteves Cardoso
Hoje perdi um vício, não que fosse algo maligno de todo. Tinha o vício de comer nozes. Pelo que me dei conta, nem era pelo sabor que comia nozes, é complicado estar para aqui a dizer qual é o sabor da noz, até porque de certa forma é apenas noz. Era no entanto um vício congénito, este das nozes. Desde sempre, dou por mim a partir nozes umas contra as outras e sem cessar para as comer. Mas era mesmo isso, o vício era de as partir. Comer em si era uma resolução ao problema de as despachar depois de partidas. Só que hoje, enquanto partia nozes, deram-me de forma delicada um quebra-nozes. Passou logo ali aquela vontade de comer nozes, aquele vício incessante.
A manhã de hoje teve uma ligação muito lo-fi. Há já alguns dias que tenho vindo a descobrir Kimya Dawson. Apesar de simples, desprovido de arranjos e mesmo má qualidade de sonora, as suas canções são cheias de sentimentalismo, de uma linguagem infantil que nos deporta a um lado obscuro do nosso subconsciente. Por vezes parece-me que Kimya Dawson não teve educação enquanto criança, pois atira sem hesitar o que quer dizer, sem aparente remorso. É esta sua forma crua e directa que me cativa. Mas da manhã ficaram estas palavras; «flying, sailing, dying, same thing/ when you get to heaven find all of my friends there /tell them that i miss them and i'll see them when i'm done here/ flying, sailing, dying, same thing/ and i think about them almost every single night/ sometimes i get so sad and scared i sleep with the lights on/ flying, sailing, dying, same thing/ i hope you no that losing you's the hardest thing on earth for me/ i love you so very much my pretty little kitty/ flying, sailing, dying, same thing». For boxer.
Repito:que vergonha!
Que me desculpem os amigos. Mas vendo todos os meus números do Palestine (série completa de 1993/1994), Joe Sacco (Fantagraphics). Assim de repente parece que toda a gente percebeu que banda desenhada não é só macacada e que o senhor Joe Sacco até caiu nas graças de todos. Mais vale tarde que nunca. Já agora; - Maus vol. 1 e 2, Art Spiegelman (Pantheon), 1986. Pode ser que a maçada Nazi passe a dizer qualquer coisa. Com alguma sorte o que precisavam era de um Peepshow, Joe Matt (Drawn & Quarterly), 1993 e por aí a diante, porque um «Big Brother» desenhado leva tempo.
Para a minha viagem matinal, a de regresso definitivo, resolvi ouvir um pouco de rádio. A certo ponto a conversa de rádio local cansou-me. Nevou durante toda a subida. O sol, a chuva e o pequeno nevão, lembraram-me mais uma vez todo este tempo. Mudei de estratégia, e o Sr. Nick Cave foi companheiro de "caminhada". Não sou propriamente grande admirador, mas penso saber dar-lhe o valor merecido. Mais do que não seja, o prémio carreira. Contudo, da viagem ficou-me esta interminável e bastante mexida Babe, I'm On Fire. Father says it, mother says it/ Sister says it, brother says it/ Uncle says it, Auntie says it/ Everyone at the party says/ Babe, I'm on fire/ Babe, I'm on fire/ The horse says it, the pig says it/ The judge in his wig says it/ The fox and the rabbit/ And the nun in her habit says/ Babe, I'm on fire/ Babe, I'm on fire [...] Hit me up, baby, and knock me down/ Drop what you're doing and come around/ We can hold hands till the sun goes down/ Cause I know/ That you/ And I/ Can be/ Together/ Cause I love you [...] , música que acompanhei a berros e de óculos escuros para manter o anonimato.
Já é do conhecimento geral que o português mal se vê confortável esquece-se logo de tudo o resto. Foi mais ou menos isso que sucedeu ontem à noite com a nossa selecção. Foram quê, uns vinte e cinco minutos de futebol, aquele golo e o ficar à "sombra da bananeira" (lamentavelmente ontem chovia em Braga). O resto do tempo foi desatenção e ver a «Squadra Azurra» jogar. Sem querer tecer muitas críticas, só espero que o sr. Scolari saiba bem o que está a fazer. O Euro está aí à porta e no fim, quando a coisa der para o torto todos sabemos a quem pedir justificações. Para não remeter ao facto de que o povo português por muito bom anfitrião e hospedeiro que seja, é ainda um pouco xénofobo. Mas disso mais tarde falaremos, oxalá esteja errado ou tudo corra pelo melhor - Com a graça de Deus.
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