A conclusão não chega a ser surpreendente, uma vez que não é difícil imaginar que tal suceda a todos os que têm o hábito, talvez pernicioso, de comprar livros de um modo compulsivo, enchendo com eles estantes e mais estantes e lendo-os demasiado depressa, às vezes sublinhando frases, outras dobrando os cantos das páginas como se assim se fosse deixando para trás um rasto que é como um país se conhece a correr, prometendo voltar um dia para percorrer com mais vagar a sombra das ruas, a frescura das fontes, o vozerio dos mercados e a fala diversa das gentes. Assinalam-se nesse peculiar mapa os sítios a revisitar e, ao fazê-lo, establece-se um compromisso, uma promessa que talvez jamais se cumpra, perdendo os livros nas estantes, entregando-os ao pó e ao esquecimento, as dobras nos cantos das páginas vincando-se até serem tatuagens, marcas que não se apagam e que, um dia, comunicarão aos vindouros que aquele livro, um livro qualquer, pertenceu a um homem sem carácter que passou pela vida sem realmente ter chegado a conhecer coisa nenhuma.
Aonde o Vento Me Levar - Manuel Jorge Marmelo (Campo de Letras)
. sem titulo que também fic...
. sonhos.
. uma colorida animação por...
. humor
. palavras
. por aí
. por aqui
. vidas
. vimeo
. you
. youtube