Comprara duas grandes fazendas, ali perto, na margem do rio, uma região famosa pela produção de vinho. Plantava maconha entre as videiras. A melhor maconha do Brasil. O vinho nem por isso. Rezava todos os dias a São Judas Tadeu, padroeiro das causa impossíveis, pedindo-lhe força para lutar contra os ecologistas, os hippies e toda a múltipla malandragem insensata que defende a legalização das drogas leves.
Bom é o interdito, disse. Senão veja, Adão e Eva, os nossos pais, viviam num paraíso tropical. Paraíso tropical, de resto, me parece um oxímoro. Só pode ser paraíso se for tropical. Ninguém imagina o paraíso situado na Suécia, por muito gostosas que as suecas sejam, e algumas são, embora, no meu parecer, lhes sobeje em peito o que lhes escasseia em bunda. Lá, no paraíso, mamãe e papai dispunham de boas mangas, abacaxis, papaias, goiabas, cajus, maracujás, talvez até acerolas, cajás, graviolas. Porque iriam se interessar por maças, frutinho mais sem graça, estúpido e insípido? Eu só comeria maças se me dissessem que não o podia fazer.
Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa (D. Quixote)
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