Sem abrir os olhos, sentindo um sonho a dissolver-se tão depressa que já nem se lembrava de qual era, Hector levou uma mão ao outro lado da cama, num gesto indolente. Óptimo. Aisha já se tinha levantado. Soltou um vitorioso peido, enterrando o rosto bem fundo na almofada para fugir ao pegajoso fedor a metano. Não tenho vontade nenhuma de dormir num balneário de rapazes, queixava-se sempre Aisha, nos raros momentos de desatenção em que ele se descuidava à frente dela. Ao longo dos anos, aprendera a refrear o corpo, só se desleixava quando estava sozinho: peidava-se e mijava no duche, arrotava no carro, não tomava banho ou não lavava os dentes o fim-de-semana inteiro, quando ela estava fora, em congressos. Não é que a sua mulher fosse pudica, parecia simplesmente ter dificuldade em tolerar os cheiros e expressões do corpo masculino. Já ele não teria qualquer problema em adormecer num balneário de raparigas, rodeado pela fragrância húmida e inebriante a coninha jovem e doce. A boiar, ainda meio preso nas tenras garras do sono, virou-se de barriga para cima e afastou o lençol do corpo. Coninha jovem e doce. Falara em voz alta.
A Bofetada - Christos Tsiolkas (D. Quixote)
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