Mas, no sonho de Duarte, essa construção fantástica haveria de ruir por completo: entrou em casa com seis caixas de cartão e começou por Wolfgang: o menino prodígio. O menino mimado armado em brincalhão. Um espertalhão a brincar às notas. Um brinca-na-areia incapaz de marcar um golo fora da área, de sujar os calções, incapaz de fazer uma falta, um passe de quarenta metros, perdido em rodriguinhos, perdido no labririnto que a sua própria habilidade tecia. Tirando talvez, sejamos justos, o concerto em Dó menor, o vinte e quatro. Aí sim. Aí foste quase um homem. Mas aí já era tarde, caralho. Já tinhas perdido demasiado tempo a dizer, olhem para mim, sou o Mozart. Vejam o que consigo fazer. E agora isto. E mais esta. Esperem. Esperem. Tenho mais um truque que vos vou mostrar. Tão genial que eu sou. Olhem para mim a bater punhetas. Punhetazinhas com as pontas dos dedinhos. E vocês todos a aplaudir, extasiados com a minha esporra a escorrer-vos pelas bocas. Puta que te pariu, Wolfgang.
O Teu Rosto Será o Último - João Ricardo Pedro (Leya)
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