Domingo parece ter adquirido novamente o estatuto de dia chato e aborrecido. Televisão, música com fartura e um livro. Um livro pequeno, mas bom. De linguagem fácil, uma história sobre alguém que não o era. Uma história de um companheiro de toda a vida. «Veio antes de a minha filha nascer. Mas não teve ciúmes dela, recebeu-a como um membro da família. Porque era assim que ele se sentia, membro da família, cão como nós. Se para ele a minha mulher era mãe, os filhos eram irmãos. Valha a verdade que era assim que os rapazes o viam: como um irmão. Muito mais tarde quando o Kurika teve o primeiro ataque, Afonso, o filho do meio, com ele ao colo, dir-me-ia:
- É um irmão.» Cão como nós - Manuel Alegre (D. Quixote)
É óptimo viajar...adoro tudo o que isso envolve, desde a organização das tralhas a levar, até á descoberta de novos sítios, novas cores e sabores, pessoas especiais que não imaginávamos que pudessem existir, sensações nunca antes experimentadas, novas situações vividas...tudo isso é o que guardo dumas férias bem passadas. No entanto, sinto-me dividida entre essas boas sensações e a de voltar a casa, de vir para um sítio que conhecemos como a palma das mãos e onde nos sentimos sempre bem...é bom estar de volta...!
A actual edição do jornal Expresso tem como tema de capa um dos títulos mais anormais que há memória. O termo comparativo entre os acidentes rodoviários em Portugal e as baixas de guerra no Iraque. Se até aqui o título e a comparação já eram quase absurdos, a notícia em si é do pior. O número de baixas contabilizado em guerra só diz respeito a forças da coligação (EUA). Este termo comparativo é algo tendencioso e absurdo. Numa guerra na qual padecem em maior número as facções inimigas. Creio no entanto que teremos todos a noção que a sinistralidade em Portugal é das mais elevadas da Europa e que a tendência terá de ser rapidamente invertida. Mas notícias deste género não são grande ajuda. Ou falamos do Iraque e do número de baixas ambos os lados em combate, ou então falamos em algo que tem de mudar na sinistralidade rodoviária nacional e que andar nas estradas portuguesas é como jogar constantemente roleta russa (com mais do que uma munição na camara).
Como a edição digital do Expresso é paga a solução é ler excerto da notícia aqui.
O ardiloso confessa que esta tarde num hipermercado enquanto dava uma vista de olhos pela secção literária "colocou" dentro do livro que trouxe do Manuel Alegre Cão Como Nós (Dom Quixote) um pequeno separador de um outro livro que tinha uma capa interessante. Joana Cabral Nómada (Oficina do Livro). Teve receio do livro ser mau, e como adorou a capa, optou por "desviar" o separador. Shame on you.
Que assolo de saudades de brigas conjugais. Não bem das brigas em si. Mas das pazes. O processo de fazer as pazes é do mais encantador que pode existir num casal. Dedicado ao C. e há V. Força com isso.
Fui ao mar colher cordões,
vim do mar cordões colhi!
O Bode me foge no meio da palha,
no meio da palha o bode me foge!
I'm feeling like the ice cube in your glass melting away/ I could close my eyes and go to sleep right here in the ashtray/ does anybody ever got what they want/ what do you mean when you talk about love, love [...]
E o tempo passa tão bem com os Clem Snide e o seu Ice Cube.
Durante o almoço de hoje conheci uma nova modalidade desportiva. O chamado lançamento do rissol para parte incerta (os puritanos que me perdoem). É que ando fartinho de comer a quase todas as refeições rissóis. Raios partam o prato oficial de verão cá de casa. Já agora, quem inventou essa do prato oficial, tamanha barbaridade.
«Hei, tu aí! Sabes por acaso quando termina o verão?»
Faz bastante tempo que não tinha uma noite tão mal passada quanto a de hoje. Ou eram as dores musculares, ou a malfadada cafeína que não dava de si (esclareço desde já aos meus amigos que não beberei mais cafés após as 18h), ou aquela maldita melga que há dias me atormenta. Acho que a família toda coabita comigo. Mas a partir de hoje todas as noites serão tranquilas. Foram extenuantes noites pela madrugada dentro de suplícios, mas consegui finalmente com certo ardil tratar da saúde da melga que tanto me zunia ao ouvido. As noites de verão têm destas coisas.
Desenho pessoas, fotografo coisas. Nos desenhos procuro expressões características dos modelos; noutras, como o David Doubilet, procuro mostrar coisas nunca antes vistas ou uma perspectiva diferente das coisas que já todos viram.
«Acha então que esta conversa é real?»
«A conversa, certamente, as circunstâncias é que carecem de substância. Há verdade, ainda que não haja verosimilhança, em tudo o que o homem sonha. Uma goiabeira em flor, por exemplo, perdida algures entre páginas de um bom romance, pode alegrar com o seu perfume fictício vários salões concretos.»
José Eduardo Agualusa - O vendedor de passados (Publicações D. Quixote).
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