as gorjetas que temos de 'dar', de cada vez que nos mexemos algures pelos Estados Unidos. A gorjeta é oficial, instituída e necessária para a economia dos demais serviços. No entanto, em determinados serviços a gorjeta lembra-me um pouco o treino de um animal. Quando o canito rebola ou dá a pata, oferecemos o belo do biscoito como forma de o presentear pelo seu desempenho. Pedir um simples café e 'ter de dar' a tal gorjeta é exactamente isso que transparece, com o simples detalhe de o café, esse, ser tudo menos bem feito.
Comprara duas grandes fazendas, ali perto, na margem do rio, uma região famosa pela produção de vinho. Plantava maconha entre as videiras. A melhor maconha do Brasil. O vinho nem por isso. Rezava todos os dias a São Judas Tadeu, padroeiro das causa impossíveis, pedindo-lhe força para lutar contra os ecologistas, os hippies e toda a múltipla malandragem insensata que defende a legalização das drogas leves.
Bom é o interdito, disse. Senão veja, Adão e Eva, os nossos pais, viviam num paraíso tropical. Paraíso tropical, de resto, me parece um oxímoro. Só pode ser paraíso se for tropical. Ninguém imagina o paraíso situado na Suécia, por muito gostosas que as suecas sejam, e algumas são, embora, no meu parecer, lhes sobeje em peito o que lhes escasseia em bunda. Lá, no paraíso, mamãe e papai dispunham de boas mangas, abacaxis, papaias, goiabas, cajus, maracujás, talvez até acerolas, cajás, graviolas. Porque iriam se interessar por maças, frutinho mais sem graça, estúpido e insípido? Eu só comeria maças se me dissessem que não o podia fazer.
Milagrário Pessoal - José Eduardo Agualusa (D. Quixote)
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